terça-feira, 7 de junho de 2011

O Federal Reserve erra?

Por Odelmo Diogo - Blog TRADE-OFF

Paul Krugman em seu artigo “O erro de 2010”, publicano no New York Times, chama atenção para o pacote de estímulos lançado pelo governo Obama em 2009, com a finalidade de contornar a crise de 2008 e recolocar a economia americana nos trilhos. Segundo Krugman o pacote seria tanto pequeno como curto demais e, dessa forma, não atingiria seu objetivo. Acrescenta ainda que em 2010, os efeitos do pacote começaram a se dissipar, sendo que economia do Tio Sam ainda não estava preparada para caminhar com as próprias pernas.

Fato importante citado pelo autor é a mudança de foco das autoridades econômicas americanas. O desemprego é deixado de lado e o problema principal passa a ser o déficit orçamentário que a partir de então é utilizado para justificar a adoção de uma política de austeridade fiscal por parte do Federal Reserve. Tal mudança é chamada por Krugman de “Erro de 2010” em alusão ao “Erro de 1937”.

O autor compara as decisões atuais do FED ao “erro de 1937”. Naquela época, período da Grande Depressão, o Federal Reserve impôs uma política de aperto monetário e fiscal no momento em que a economia americana começava a ensaiar sinais de recuperação. Tais medidas levaram a inibição da recuperação e geraram o prolongamento da crise.

E o desemprego norte-americano? Existe solução?

Cerca de 80% do PIB americano é gerado pelo setor de serviços. A partir dos anos 70 as empresas americanas iniciaram uma espécie de diáspora pelo mundo em busca de mão-de-obra barata com a finalidade de reduzirem seus custos. Essa estratégia foi responsável pelo encolhimento da participação da indústria no PIB e o surgimento de um crescimento significativo da demanda por mão-de-obra qualificada no setor de serviços, principalmente para trabalhar nos departamentos de administração, pesquisa e inovação das empresas americanas que, apesar de espalhadas pelo Planeta, mantiveram suas administrações em solo americano.

Ernesto Lozardo, no artigo “O vagão saiu dos trilhos” publicado na Folha de São Paulo, classifica como estrutural o desemprego verificado nos EUA atualmente. O desemprego estrutural acontece quando existe demanda por mão-de-obra em número menor que o volume de trabalhadores que demandam empregos em decorrência do surgimento de novas formas de produção, em muitos casos, mais modernas. No caso americano, em virtude de uma indústria encolhida, não existiriam vagas suficientes para a grande massa de trabalhadores desempregados.

Assim, Lozardo aponta que a solução para minimizar o problema do desemprego americano seria a alteração de legislação e a implantação de mudanças, por parte do governo, que estimulassem o aumento da participação da indústria no PIB, gerando assim a necessidade de mão-de-obra menos qualificada que seria suprida pela grande massa de desempregados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário