quarta-feira, 6 de julho de 2011

ANÁLISE-China supera Brasil em disputa econômica pela África - Parte 2

Continuação...

Agência Reuters Brasil
Matéria publicada em http://br.reuters.com/

BRASIL NA ÁFRICA

Que o Brasil é um ator em ascensão na África não é novidade.

Durante os seus dois mandatos, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva priorizou o fortalecimento das relações comerciais do país com o continente, visitando pelo menos 25 países africanos e duplicando o número de embaixadas.

O Brasil tem hoje 31 representações diplomáticas formais na África, atrás de EUA e Rússia, com 46 e 45, respectivamente, mas bem à frente da Grã-Bretanha, com 26, que por contenção de custos está tendo de fechar embaixadas no seu antigo "quintal."

Mas, em relação à China, o Brasil ainda está bem atrás. Pequim tem 42 embaixadas na África -- o dobro da Índia --, e firmas chinesas interessadas em investir no continente podem recorrer a várias fontes de financiamento, como o China Exim Bank, o Banco da China e o Banco de Desenvolvimento da China.

Já as empresas brasileiras têm a seu dispor, além dos bancos comerciais, praticamente só Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que é um agente importante, mas em geral evita se envolver em mercados mais instáveis.

No que diz respeito ao comércio, a China também está disparada na frente, fazendo transações de 107 bilhões de dólares por ano com o continente, mais do que os EUA.

Para efeito de comparação com os outros países do grupo Bric, a Índia negocia 32 bilhões de dólares, o Brasil movimenta 20 bilhões, e a Rússia tem um comércio de pífios 3,5 bilhões de dólares com a África.

Mas isso não significa que está tudo a favor da China. A preferência dos gestores chineses por mão de obra importada, junto ao comportamento ríspido deles, cria descontentamentos entre os locais, pelo menos em Zâmbia, onde mineiros foram feridos a bala ao se queixarem das condições de trabalho e dos salários.

No entanto, diante da sua proeminência comercial, diplomática e financeira, a China parece fadada a manter sua liderança.

"Este negócio da Metorex realmente revela a competição entre os países Bric pelos recursos e por acesso na África, e a musculatura financeira e o poder de fogo que acompanha os grandes agentes chineses", disse Hannan Erdinger, da consultoria Frontier Advisory, de Johanesburgo.

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