sábado, 29 de junho de 2013

O Nordeste no Brasil e no mundo



Artigo escrito pelo Economista Cláudio Ferreira Lima
Publicado no Jornal O Povo

Cadernos do Desenvolvimento é publicação do Centro Internacional Celso Furtado. O de nº 11 traz, sob o título Relações comerciais do Nordeste com o Brasil e o mundo, artigo de Odair Lopes Garcia, Jair Amaral Filho e outros, que revela, pelo ângulo comercial, as desigualdades regionais no País.

O Nordeste tem 18,2% da área, 13,5% do PIB, 27,8% da população, porém apenas 48,6% do PIB per capita do Brasil. E, se fosse um país, seria, no mundo, o 20º em superfície, 26º em PIB, 24º em população, mas 145º em PIB per capita. A ONU, no 1º relatório sobre o Projeto do Milênio, o coloca, ao lado do Oeste da China, do Sul do México e dos estados do Norte da Índia, entre os quatro principais bolsões de pobreza no mundo.

Até os anos 1950, o comércio do Nordeste era mais com o exterior e entre os estados que o compõem. No entanto, depois das BRs, ligando as regiões, a serviço da indústria sudestina, o quadro mudou. E, a partir dos anos 1960, impulsionada pelos incentivos fiscais da Sudene, a produção diversificou-se, intensificando as trocas entre o Nordeste e o resto do Brasil.

No final dos anos 1980, acirrou-se a competição nos mercados globalizados, e indústrias intensivas em mão-de-obra procuraram o Nordeste, instalando-se nos estados que lhes ofereceram condições mais vantajosas.

Atualmente, observam-se transformações, que decorrem de investimentos em grãos e frutas, no turismo e em complexos industriais e portuários. Decorrem também dos programas de transferência de renda, de microcrédito e de valorização do salário mínimo. E nem por isso o Nordeste deixou de ser mercado cativo do Sudeste.

Pois bem: o intercâmbio entre os estados do Nordeste somam 37% das compras e 45,2% das vendas, mas a principal articulação da Região, que envolve 63% das compras e 54,8% das vendas, se dá com as outras regiões. A balança é historicamente negativa; hoje, em mais de R$ 30 bilhões, metade do valor somente com São Paulo.

O comércio internacional, ao longo dos anos, ora superavitário, ora deficitário, responde por 11,5% das compras e 18,5% das vendas totais do Nordeste e é dominado pela Bahia, que concentra 58,2% das exportações e 50,5% das importações.

Os últimos governos trocaram a política regional pelos programas sociais, e o Nordeste cresceu com redução das disparidades de renda, sim, o que é meritório, porém insuficiente, pois, além de boa parte da nova demanda ser atendida por outras regiões (vejam o gigantesco déficit comercial), o crescimento puxado pelo consumo tem fôlego curto e efeito multiplicador limitado.

Para enfrentar a reconfiguração industrial da globalização, evitando, assim, a perda de cadeias produtivas, que conduz à perigosa desindustrialização, o Brasil deve investir pesadamente na estrutura produtiva, na educação, na pesquisa e inovação no Nordeste, que, apesar de maior bolsão de pobreza do País e um dos maiores do mundo, possui enormes potencialidades econômicas não aproveitadas e localização geográfica estratégica, próxima dos grandes mercados mundiais.

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Tags: Nordeste, Economia-Regional, Ceará, Economia-Brasileira, Comércio-Regiões-Brasil, Desenvolvimento-Econômico